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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

a megera idomada

A MEGERA INDOMADA E O PROFESSOR INESQUECÍVEL
(Neide Medeiros Santos)

(Para Auxiliadora – que guarda boas lembranças do meu professor inesquecível)

Todos que passaram pelos bancos escolares têm, na memória, a imagem de um (a) professor (a) inesquecível. Guardo, nas minhas lembranças, a figura de uma professora de Matemática da 4ª e 5ª séries do curso primário. Seu mau humor inspirava medo e as aulas de Matemática, que não me despertavam o menor interesse, tornavam-se um tormento para aquela menina que gostava muito mais de escrever, fazer composições com os quadros da Editora Melhoramentos do que aprender as quatro operações, MDC, MMC e resolver problemas intrincados de Matemática.
Muitas vezes fui colocada para fora da sala de aula por essa professora sob o argumento de que não me concentrava nas aulas e estava distraindo as colegas que queriam estudar. Felizmente, a palmatória já tinha sido abolida do colégio em que estudava, se isso ainda fosse uma prática corriqueira seriam doze palmadas em cada mão, como Pilar, aquele menino do “Conto de Escola” de Machado de Assis.
Somar, diminuir, multiplicar, dividir e fazer conta de cabeça foi um duro aprendizado – de um lado, a tortura, as dificuldades inerentes àquela que não gostava nem de Matemática nem da professora; do outro lado, a necessidade de saber as quatro operações para não ser reprovada. Hoje sei que a ojeriza a esta disciplina era fruto do não entendimento professora/aluna.
Ascenso Ferreira, no poema “Minha Escola”, fala também das dificuldades que teve na escola: encontrou um professor carrancudo como um dicionário e inacessível como “Os Lusíadas” de Camões. Para consolo do menino, à noite, em sua casa, havia uma velha ama que lhe contava histórias do reino da mãe d´água e lhe ensinava a tomar a bênção à mamãe lua.
No período em que fui aluna da megera indomada, eu não tinha uma velha ama para me contar histórias, mas tinha um irmão, estudante de engenharia, que me revelou alguns segredos da Matemática e também a resolver os problemas dessa disciplina. Esse irmão foi meu verdadeiro PROFESSOR INESQUECÍVEL, pois me encaminhou pelas áridas veredas dos números e consegui, no fim do ano, ser aprovada com boas notas.
O nome da professora? Não importa. Seu nome e sua imagem estão bem gravados na minha memória, prefiro, contudo, chamá-la de MEGERA INDOMADA.

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