UM
CONTO NATALINO
(Neide
Medeiros Santos – Crítica literária –FNLIJ/PB)
[...]
Ele mora comigo na minha casa a meio
do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que
faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a
certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
(Alberto Caeiro. O
Guardador de Rebanhos. Poema VIII).
Na época de Natal, lembramos sempre de contos que falam
sobre esta festa celebrada no mundo inteiro. Nesse universo de contos
natalinos, desponta o tradicional “Missa do Galo”, de Machado de Assis. Há outro conto, dentro da temática natalina,
que nos remete à infância e às leituras que fazíamos no período de férias, é o
poético e enternecedor conto de Hans Christian Andersen – “A pequena vendedora
de fósforos”.
Este ano, sugestão de presente natalino, apresentamos um
livro editado em João Pessoa pelo Fundo Municipal de Cultura que traz uma
bonita história, trata-se de “Os trinta dinheiros do Rei Melchior”, de Alberto Correia,
escritor português, que contou com ilustrações da artista plástica paraibana Analice
Uchoa. O livro foi lançado no dia 27 de setembro de 2012, na Galeria Gamela. Na ocasião do lançamento, houve exposição das
telas de Analice Uchoa que ilustraram o livro.
Alberto Correia, em nota ao livro, explica que a história
dos trinta dinheiros do rei Melchior foi inspirada no conto do monge alemão
João de Hildesheim que viveu nos anos 1300, na Alemanha. São palavras do
escritor português:
“Foi esta história mais alargada de pontos, que eu escrevi
para o Natal de 2010.” Este ano os paraibanos tiveram a oportunidade de
conhecer o texto já divulgado em Portugal.
Analice Uchoa é natural de Campina Grande, radicada há
muitos anos em João Pessoa. Atualmente é reconhecida como “expoente da pintura
naif” na Paraíba. A artista retrata em suas telas fatos e coisas do cotidiano
nordestino com um colorido forte e vibrante.
“Os trinta dinheiros do rei Melchior” é um conto
acumulativo, feito de textos encadeados que começam com o surgimento do
cristianismo na Terra. O primeiro remonta aos primórdios do cristianismo com os
personagens bíblicos do Antigo Testamento – Abraão, Jacob, José do Egito,
Salomão, Moisés.
Muitos anos se passaram e a narrativa prossegue chegando
ao Novo Testamento. O segundo momento situa o reino dos caldeus, época em que governava
um rei que tinha por nome Melchior. Era um rei sábio que gostava de astronomia
e de observar o céu. Ele sabia que iria surgir uma nova estrela para anunciar o
lugar do nascimento de um Grande Rei.
Numa noite de
dezembro, apareceu a esperada estrela e Melchior resolveu seguir o caminho
apontado pela estrela e levou um tesouro para ofertar ao Novo Rei – uma bolsa
antiga com trinta moedas de ouro. No caminho, ele encontrou dois outros reis –
Gaspar e Baltasar que resolveram acompanhá-lo até o local do nascimento indicado
pela brilhante estrela e ofertar presentes ao recém-nascido.
Os reis chegaram ao destino desejado e depositaram seus
presentes aos pés daquele Rei que nasceu de modo simples e pobre em uma
manjedoura.
Engana-se quem pensa que a história termina com o
oferecimento dos presentes dos reis, seguem-se muitas outras e as trinta moedas
de ouro vão passar por outras mãos, mas isso só vai ser possível saber lendo o
livro na íntegra.
Não poderia deixar de fazer referência às belíssimas
ilustrações de Analice Uchoa. O livro está dividido em treze capítulos e
Analice fez ilustrações para todos os capítulos. As cores tropicais, vibrantes
e fortes, estão presentes nos pés de ipês de cores variadas, nos animais
domésticos – bois, ovelhas e burrinhos que se apresentam ao lado dos camelos. A
paisagem nordestina convive fraternalmente com a oriental.
Aliado a tudo isso, destacamos outros elementos que
enriquecem o livro - um mapa contendo toda a trajetória da aventurosa viagem
dos reis até chegar a Belém, e gráficos com a linha do tempo, representando
“Tempo antes de Cristo” e “Era Cristã”.
O livro encanta pela linguagem bem cuidada de Alberto
Correia e as ilustrações de Analice Uchoa.
NOTAS LITERÁRIAS E CULTURAIS
GRACILIANO RAMOS
Atendendo a convite da jornalista Clarice Cardoso, “Carta
Fundamental”, escrevemos um texto sobre o escritor alagoano Graciliano Ramos,
com ênfase para os livros infantis – “A terra dos meninos pelados”, “Pequena
história da República” e “Histórias de Alexandre.” A revista “Carta
Fundamental” integra o grupo da revista” Carta Capital” e são colaboradores,
entre outros, Ana Maria Machado, Marcos Bagno e Braúlio Tavares. É uma revista
mensal dirigida a professores e educadores.
Nosso texto saiu na revista do mês de dezembro e já está disponível nas bancas de revistas.