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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Um conto natalino



UM CONTO NATALINO

 
            (Neide Medeiros Santos – Crítica literária –FNLIJ/PB)
            [...]
            Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
            Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
            Ele é o humano que é natural,
            Ele é o divino que sorri e que brinca.
            E por isso é que eu sei com toda a certeza
            Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
            (Alberto Caeiro. O Guardador de Rebanhos. Poema VIII).
           
            Na época de Natal, lembramos sempre de contos que falam sobre esta festa celebrada no mundo inteiro. Nesse universo de contos natalinos, desponta o tradicional “Missa do Galo”, de Machado de Assis.  Há outro conto, dentro da temática natalina, que nos remete à infância e às leituras que fazíamos no período de férias, é o poético e enternecedor conto de Hans Christian Andersen – “A pequena vendedora de fósforos”.
            Este ano, sugestão de presente natalino, apresentamos um livro editado em João Pessoa pelo Fundo Municipal de Cultura que traz uma bonita história, trata-se de “Os trinta dinheiros do Rei Melchior”, de Alberto Correia, escritor português, que contou com ilustrações da artista plástica paraibana Analice Uchoa. O livro foi lançado no dia 27 de setembro de 2012, na Galeria Gamela.   Na ocasião do lançamento, houve exposição das telas de Analice Uchoa que ilustraram o livro.
            Alberto Correia, em nota ao livro, explica que a história dos trinta dinheiros do rei Melchior foi inspirada no conto do monge alemão João de Hildesheim que viveu nos anos 1300, na Alemanha. São palavras do escritor português:
            “Foi esta história mais alargada de pontos, que eu escrevi para o Natal de 2010.” Este ano os paraibanos tiveram a oportunidade de conhecer o texto já divulgado em Portugal.
            Analice Uchoa é natural de Campina Grande, radicada há muitos anos em João Pessoa. Atualmente é reconhecida como “expoente da pintura naif” na Paraíba. A artista retrata em suas telas fatos e coisas do cotidiano nordestino com um colorido forte e vibrante.            
            “Os trinta dinheiros do rei Melchior” é um conto acumulativo, feito de textos encadeados que começam com o surgimento do cristianismo na Terra. O primeiro remonta aos primórdios do cristianismo com os personagens bíblicos do Antigo Testamento – Abraão, Jacob, José do Egito, Salomão, Moisés.
            Muitos anos se passaram e a narrativa prossegue chegando ao Novo Testamento. O segundo momento situa o reino dos caldeus, época em que governava um rei que tinha por nome Melchior. Era um rei sábio que gostava de astronomia e de observar o céu. Ele sabia que iria surgir uma nova estrela para anunciar o lugar do nascimento de um Grande Rei.
             Numa noite de dezembro, apareceu a esperada estrela e Melchior resolveu seguir o caminho apontado pela estrela e levou um tesouro para ofertar ao Novo Rei – uma bolsa antiga com trinta moedas de ouro. No caminho, ele encontrou dois outros reis – Gaspar e Baltasar que resolveram acompanhá-lo até o local do nascimento indicado pela brilhante estrela e ofertar presentes ao recém-nascido.  
            Os reis chegaram ao destino desejado e depositaram seus presentes aos pés daquele Rei que nasceu de modo simples e pobre em uma manjedoura.
            Engana-se quem pensa que a história termina com o oferecimento dos presentes dos reis, seguem-se muitas outras e as trinta moedas de ouro vão passar por outras mãos, mas isso só vai ser possível saber lendo o livro na íntegra.  
            Não poderia deixar de fazer referência às belíssimas ilustrações de Analice Uchoa. O livro está dividido em treze capítulos e Analice fez ilustrações para todos os capítulos. As cores tropicais, vibrantes e fortes, estão presentes nos pés de ipês de cores variadas, nos animais domésticos – bois, ovelhas e burrinhos que se apresentam ao lado dos camelos. A paisagem nordestina convive fraternalmente com a oriental.
            Aliado a tudo isso, destacamos outros elementos que enriquecem o livro - um mapa contendo toda a trajetória da aventurosa viagem dos reis até chegar a Belém, e gráficos com a linha do tempo, representando “Tempo antes de Cristo” e “Era Cristã”.
            O livro encanta pela linguagem bem cuidada de Alberto Correia e as ilustrações de Analice Uchoa.  

            NOTAS LITERÁRIAS E CULTURAIS

            GRACILIANO RAMOS
            Atendendo a convite da jornalista Clarice Cardoso, “Carta Fundamental”, escrevemos um texto sobre o escritor alagoano Graciliano Ramos, com ênfase para os livros infantis – “A terra dos meninos pelados”, “Pequena história da República” e “Histórias de Alexandre.” A revista “Carta Fundamental” integra o grupo da revista” Carta Capital” e são colaboradores, entre outros, Ana Maria Machado, Marcos Bagno e Braúlio Tavares. É uma revista mensal dirigida a professores e educadores.  Nosso texto saiu na revista do mês de dezembro e já  está disponível nas bancas de revistas.






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